Cão fica preso em buraco e é resgatado após 15 dias com a detonação das pedras no ES; veja vídeos

Uma história surpreendente envolvendo um cãozinho na região de Alto Califórnia, localidade do município de Santa Leopoldina, região serrana capixaba, ganhou ares de um filme de aventura, momentos de angústia e, como um bom roteiro, tem um final muito feliz. Para ter noção, após ficar preso na fenda entre rochas numa região de difícil acesso, Bob (o cachorro) foi resgato apenas com a demolição das pedras – o que tem um alto custo – após um período 15 dias. O alívio aconteceu apenas nesta quinta-feira (21). Foram 100 metros cúbicos de rocha demolidos.

Tudo começou quando o cãozinho estava perseguindo uma paca em área de mata na região, que fica próximo ao limite com o município de Domingos Martins. Num trecho com muitas rochas, o animal caiu num vão entre elas e não conseguiu mais sair. E a angústia de Bob, a partir dali, iria durar duas semanas.

Mas foi apenas no nono dia que a solução para aquela situação começou a se desenhar, com a ajuda fundamental do empresário Gilmar Lampir Dettmann, que atua em uma empresa de demolições. Ao tomar conhecimento da história, na última quarta-feira (13), um dia depois de Bombeiros terem sido acionados, ele foi ao local para avaliar se havia algo que pudesse colaborar.

“Foi um chamado de socorro meio diferente: era para salvar um cachorro que estava preso no meio de duas rochas”, disse Gilmar ao jornalista Júlio Huber do portal Montanhas Capixabas.

“Conversei com meu pai e ele disse que iria encarar essa missão. Ele foi ao local e achou que seria possível fazer o resgate. Neste dia o cachorro já estava lá há nove dias preso, sem comer e nem beber água, somente se escutava ele latir e chorar, como se estivesse pedindo socorro”, explicou Gilmar Dettmann.

Com essa avaliação, ainda na última quinta-feira (15), Gilmar iniciou a detonação de rochas com ajuda de voluntários para conseguir chegar até o cãozinho. O empresário detalhou que foram detonados 100 metros cúbicos de rocha, com um explosivo com dispositivo eletrônico chamado de piroblaster.

“Iniciamos o trabalho de desmonte e detonação das rochas, lógico que tudo havia um risco porque se tratava de trabalhar com explosivos e com uma vida. Mas não podíamos desistir, pois havia a chance de dar certo, mas também de dar errado. O cachorro poderia morrer com o estrondo e até as pedras caírem sobre ele”, relatou o empresário ao portal Montanhas Capixabas.

No vídeo abaixo, o pai de Gilmar, Ademiro Dettmann, relata um pouco do trabalho. Ouça os latidos na gravação.

O local era de difícil acesso e só era possível chegar andando. “Trabalhamos a quinta feira o dia todo e não conseguimos chegar até o cachorro, resolvemos voltar no sábado, se tivesse algum sinal do cachorro. Na sexta os proprietários o ouviram latir novamente. Então no sábado continuamos os trabalhos, mas não conseguimos chegar até ele, pois era muita pedra, e encontramos muita dificuldade para executar este serviço”, detalha Gilmar.

Até uma retroescavadeira foi usada para remover as pedras para chegar ao cachorro.

Assista abaixo.

Na última segunda-feira (18), o trabalho foi retomado e, no dia seguinte, 15 dias após Bob cair nas rochas, ele enfim foi resgatado. “Encontramos o animal todo desnutrido e magro. O coitado quase já não se não se virava mais, mas com muita calma conseguimos tirar ele debaixo das pedras. Durantes esses dias, várias pessoas foram ao local ajudar, virando pedra, cavando, ajudando de alguma maneira e levando comida e lanche para quem estava lá trabalhando”, conta o empresário Gilmar Dettmann.

Assista ao vídeo do momento em que Bob foi encontrado.

Após ser resgatado, Bob, que tem dois anos de idade, foi levado para uma clínica veterinária em Domingos Martins, onde ele ainda está internado recebendo os cuidados veterinários. Além de Gilmar e do pai Ademiro Dettmann, também ajudaram no resgate: Airton Lampir Dettmann, Jardel Lampir, Humberto Lampir, Grassiano Vorpagel, Diego Vorpagel, Vercelino Holz e Marcelo Kempin.

“Foram dias difíceis, pois se tratava de salvar uma vida, mas também foram dias onde a gente se divertiu, conversando e brincando entre amigos. Fizemos este trabalho voluntariamente, juntamente com a comunidade e com os amigos que estavam lá presente. Eu acompanhei o trabalho, pois sou profissional habilitado para trabalhar com explosivos, e tudo feito com responsabilidade e segurança, por ser tratar de um trabalho de alta periculosidade”, enfatizou Gilmar, que é proprietário da empresa Ag Demolições de Rochas.

Veja o momento em que Bob foi retirado do buraco.

O empresário afirmou que “esse foi um dos trabalhos mais valiosos que fizemos até hoje, isso não tem dinheiro que paga, porque foi emocionante. Então, nunca desista, enquanto tiver chances, lute. Agradeço a todos que lutaram esses dias lá. Não havia outra solução, a não ser a demolição das rochas, porque não dava nem para sacrificar o cachorro. Ele iria morrer de fome ou sede”, concluiu Gilmar.