Seria 2024 o ano da ultra-feminilidade?

Foto: Atriz Margot Robbie no set de filmagem de Barbie (2023)/Divulgação

Quem achou que a explosão do rosa Barbie ficaria em 2023 está completamente enganado. Mesmo após o final de exibição do filme, o estilo Barbiecore continua influenciando a moda e o estilo e, inclusive, dando força para outras estéticas, como o Coquettecore, Balletcore e tantos outros core que vemos por aí. Mas não se assustem com a nomenclatura: todas essas tendências valorizam determinados signos de feminilidade, como laços, pérolas, flores, babados, cetim e, é claro, o queridinho cor-de-rosa.

Sem entrar no mérito do que deve ou não ser considerado feminino, este tipo de estética voltar a fazer sucesso nas passarelas e nas ruas pode ser visto como um afetuoso abraço à girlhood que nos vemos muitas vezes obrigadas a abandonar cedo demais, principalmente por pressão social – uma vez que, assim como a Barbiecore, diversas estéticas são adotadas e rejeitadas pelo gosto popular. Levando em consideração que este “abandono” acontece, em sua grande maioria, no período da adolescência, podemos suspeitar que este processo está vinculado com a necessidade de pertencimento a um grupo em específico.

Outro ponto extremamente interessante que pode ser levantado nesta discussão é o quanto elementos tipicamente considerados femininos incomodam, sobretudo os homens. Quem não escutou ou leu algum comentário desqualificando meninas e mulheres que se vestiram de rosa para irem às sessões de Barbie nos shoppings e cinemas? Ou melhor: que mulher nunca pensou duas vezes antes de usar laços, babados, flores ou até cor-de-rosa em eventos de trabalho com medo de serem menosprezadas e inferiorizadas pelos seus pares masculinos?

A realidade é que, historicamente, a sociedade patriarcal em que vivemos atribui o que é considerado feminino à futilidade e o que é considerado masculino, à utilidade. Ironicamente a moda, que outrora foi criada e aplaudida por símbolos masculinos de poder (como reis, imperadores e generais, por exemplo) passa a ser rejeitada e fútil ao se atrelar ao feminino, sobretudo depois da Revolução Industrial, onde as divisões sociais de gênero se tornaram ainda mais delimitadas, com homens provedores e mulheres, seus símbolos materiais de conquista – e é claro que aqui estamos falando de um estrato social burguês.

Sejam bonecas que ganham vida no cinema, bibelôs de porcelana que desfilam para Maison Margiela, mangas exuberantes de Schiaparelli, a clássica forma de ampulheta de Dior, balonês, laços, tules e plumas de Giambattista Valli, transparências, fendas e rendas de Valetino ou o romantismo sensual de Gaultier, o que devemos levar dessa conversa é que a feminilidade está em alta, em suas mais variadas formas e pronta para abraçar a todos que se sentirem preparados para ela.

E você, o que tem achado desse retorno da hiperfeminilidade abraçada pela moda?