Professora que sobreviveu ao ataque em escola de Aracruz fala sobre retorno ao trabalho

O dia 25 de novembro de 2022 ficará para sempre marcado na memória da comunidade escolar e de todos os capixabas pela dor, tristeza e saudades. Neste sábado (25) completa-se um ano do ataque a tiros contra as escolas Primo Bitti e Centro Educacional Praia de Coqueiral, no município de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, que resultou na morte de três professoras, uma estudante e deixou mais de 10 feridos.

A professora de Língua Portuguesa, Priscila de Queiroz, foi uma das sobreviventes ao ataque, causado por um ex-aluno de 16 anos, que invadiu duas escolas da cidade. A educadora, que foi atingida por três tiros disparados pelo suspeito, teve uma recuperação difícil e demorada.

Agora, um ano após o dia traumático, a professora conta que o apoio da comunidade escolar tem sido fundamental para que ela entenda a nova realidade e diz que o retorno o trabalho faz parte de um ‘processo de cura’ profissional e pessoal.

“Eu retornei para sala de aula, mas não para a mesma escola, porque eu não tinha suporte psicológico para poder voltar para lá. Eu me senti à vontade, me senti na necessidade de voltar para sala de aula e fui muito bem acolhida pelos alunos e pelos colegas professores. Então esse retorno, com certeza, foi de extrema importância, para esse processo de cura e de recomeço dessa vida que eu ganhei de volta”, relatou.

Priscila, que é indígena, da aldeia tupiniquim de Caieiras Velha, disse que quer devolver à comunidade escolar todas as boas energias que tem recebido.

Escola passou por revitalização e tem programação especial para alunos

A escola Primo Bitti, uma dos alvos do ataque, passou por uma reformulação de ambientes, pintura, recebeu novas cadeiras e reparos nos danos físicos causados pelo atentado. Logo na entrada da escola, as cores dão vida ao ambiente que desde o ano passado ficou marcado pela dor e desespero. Cerca de 700 alunos estudam na escola estadual de Ensino Fundamental e Médio.

A intenção das intervenções, de acordo com a diretora da unidade, Michele Toniato, foi refazer os laços rompidos com a violência. “A gente quer criar novas memórias na nossa escola. Nossa intenção é ressignificar, nunca esquecer o que aconteceu. Vamos sempre lembrar com muito carinho dos nossos professores, de quem sofreu aqui, e vamos ressignificar. O espaço é da comunidade e dos estudantes”, conta.

Autor do crime continua internado

O adolescente acusado de causar o ataque segue internado, desde o dia do crime, em uma Unidade do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) na Grande Vitória. Ele foi sentenciado a até três anos de internação.