Professora que sobreviveu ao ataque em escola de Aracruz fala sobre recuperação: “Trauma muito grande”

Professora Priscila de Queiroz | Foto: Reprodução Rede SIM / Record News ES

A professora de Língua Portuguesa Priscila de Queiroz, de 40 anos, uma das vítimas que sobreviveu ao atentado a Escola Estadual Primo Bitti, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, ocorrido em novembro de 2022, aos poucos vai se recuperando do trauma sofrido. Ainda afastada das atividades escolares, a educadora falou com a reportagem da Rede Sim / Record News, sobre a nova fase da vida.

“O meu corpo está respondendo bem, a questão da fratura está se consolidando, já comecei a fazer fisioterapia, pra ir recuperando o movimento e a musculatura que ficou quase dois meses parado. Então o processo tá indo. Agora é trabalhar o psicológico, porque foi um trauma muito grande, e quando as coisas esfriam e começam a se encaixar no lugar, é que a gente percebe como o psicológico fica abalado”, disse Priscila.

No momento do ataque, a professora indígena, da aldeia tupiniquim de Caieiras Velha, estava de costas para o atirador e foi alvo de três tiros. Dois meses após o atentado, a educadora conta que o apoio da comunidade escolar tem sido fundamental para que ela entenda a nova realidade.

“É um grupo muito unido, que tem se apoiado muito. A gente marcou encontro para conversar sobre o acontecido, para tentar entender o que cada um viu. Foi uma forma de se apoiar. A gente consegue perceber que quando temos apoio, fica mais fácil para cicatrizar essa ferida”, pontuou a professora.

Escola passou por revitalização e tem programação especial para alunos

Foto: Divulgação / Sedu

A escola Primo Bitti passou por uma reformulação de ambientes, pintura, recebeu novas cadeiras e reparos nos danos físicos causados pelo atentado. Em meio ao clima de retomada e faltando poucos dias para o início do ano letivo, as salas de aula e corredores vão voltando à normalidade. Logo na entrada da escola, as cores dão vida ao ambiente que desde o ano passado ficou marcado pela dor e desespero.

Segundo a diretora da unidade, Michele Toniato, os alunos vão encontrar uma escola diferente. A intenção, de acordo com ela, é refazer os laços rompidos com a violência. “A gente quer criar novas memórias na nossa escola. Nossa intenção é ressignificar, nunca esquecer o que aconteceu. Vamos sempre lembrar com muito carinho dos nossos professores, de quem sofreu aqui, e vamos ressignificar. O espaço é da comunidade e dos estudantes”, conta.

Cerca de 700 alunos estudam na escola estadual de Ensino Fundamental e Médio. Nesta semana, que antecede o retorno das aulas, a unidade desenvolveu diversas atividades pensadas para acolher alunos, professores e toda a comunidade. As atividades fazem parte da semana da escola aberta, com apresentação de ginástica rítmica, brincadeiras, círculos de diálogo e outras programações.

Adolescente continua internado no Iases

O adolescente que cometeu os massacres, confessou os crimes e está internado desde uma Unidade do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) de Cariacica, na Grande Vitória. Ele foi sentenciado a até três anos de internação.

Confira a reportagem completa: