O mercado de consumo, a democracia e as Mulheres

Talvez alguns não saibam que com o advento da 2ª grande guerra mundial, as mulheres nos Estados Unidos foram convocadas a participar de atividades até então masculinas nas
indústrias, uma vez que seus pais, maridos, namorados e filhos, foram convocados a compor as forças armadas para combater o Nazismo na Europa.

Finalizada a guerra, experimentamos uma crescente mecanização no campo, houve grande
crescimento da informação de massa e da oferta de meios contraceptivos. Estes fatos fez com que as famílias não mais precisassem de uma prole gigantesca para trabalhar a terra como mão de obra “barata” pois, era também dona e herdeira da mesma. Houve redução acelerada do número de filhos por família e a migração para as cidades se intensificou. Em menos de um século a população do globo migrou do campo para os grandes centros urbanos.

As mulheres,  heroínas assim como seus pais, maridos, namorados e filhos, voltaram aos lares, porém com o sentimento de que algo não estava mais “encaixando” em suas vidas. Trabalhar fora do lar deu uma relevância e perspectiva maiores de suas responsabilidades e do seu poder.O setor industrial e de serviços foi um dos grandes vetores de crescimento dos PIB dos países mais desenvolvidos. Com mais e mais pessoas próximas – como parte da cadeia produtiva e também de consumo – ganhou-se escala na produção de bens duráveis e semiduráveis, tais como veículos automotores e eletrodomésticos. Com a chegada da TV, ainda na década de 1950, a propaganda e o merchandising nas “soap operas” ou novelas, criou sonhos e “necessidades” desconhecidas para a grande maioria das pessoas. As mulheres ingressaram dia após dia, nas empresas de serviços – escritórios de bancos, contabilidades, como atendentes no varejo – porém em menor número na indústria.

Henry Ford deu uma enorme contribuição quando estudou e introduziu métodos de fabricação que garantiam qualidade, oferta elevada a preços mais acessíveis, viabilizados por ganhos vertiginosos na produtividade da indústria. Outra “sacada” genial de Ford foi idealizar boa parte de seu portfólio de produtos para consumidores da crescente classe média, dentre eles,seus próprios funcionários. Ele pensou: produzirei carros de qualidade, preço justo e que meus próprios funcionários possam comprar! Fantásticol!! Sua esposa apoiou incondicionalmente seu marido Henry, sem o qual ele provavelmente não teria mudado a forma de viver e de trabalhar de tantas pessoas nos EE.UU. e no mundo.

Independente do aumento da produtividade nas indústrias, outro vetor da massificação de
produtos e serviços foi o crescimento e aprimoramento dos serviços financeiros e de crédito,destinados à produção e ao consumo. O crédito, cedido de forma técnica e responsável,viabilizou que as famílias antecipassem seus sonhos de consumo, pagando em parcelas mensais as prestações de seus eletrodomésticos, de seus automóveis e mesmo da hipoteca de suas casas. O crédito viabilizou ainda que indústrias ampliassem suas fábricas, investissem em

mecanização e desenvolvessem tecnologia para aumentar a produtividade e a capacidade total de fabricação. Este viés fez com que os preços dos produtos seguissem caindo e se tornando acessível à grande parcela da população nos Estados Unidos e na Europa.

Os bancos, na América do Norte e na Europa, também cresceram quando assumiram o claro papel de financiar os sonhos das famílias – passando a viver majoritariamente nas cidades – e também aos bons projetos da indústria de bens e serviços.

Há alguns anos li que o volume de crédito e os agentes financiadores nos EE.UU. em 1932, há 3 anos após a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, eram mais evoluídos que os do Brasil em 1994, em pleno ano do Plano Real.

Tendo trabalhado por cerca de 20 anos na indústria de eletroeletrônicos, vi e vivi a expansão e sofisticação do consumo de bens semiduráveis em nosso país. Vi também uma transformação importante. Era “moda” dar para mãe ou esposa, um eletrodoméstico no dia das Mães e mesmo no Natal. O presente era de fato para a família, não de cunho pessoal, para a Mulher.

Passamos a fazer campanha para que presentes para as mulheres fossem pessoais. Haviam mais de 360 dias do ano para se vender um fogão, uma geladeira, uma máquina de lavar.Para dar uma noção de quão revolucionário foi para nossa sociedade domar a inflação a partir de 1994, a grande massa de brasileiros ingressou – pela 1ª vez – no mercado de consumo de massa. Com a formalização do trabalho, renda e crédito, nosso país deu um salto e o consumo das famílias foi o grande vetor de crescimento de nosso PIB até a crise de setembro de 2008.

Já havia, entre 2007 e 2008, sinais de exaustão do modelo de crescimento de nosso país. A
crise de 2008 apenas o revelou e o intensificou. Havia necessidade de se criar novo “mote”.
Havia necessidade de ganharmos produtividade na distribuição de bens e serviços.

Nossa infraestrutura já era insuficiente e ineficaz para aqueles novos patamares de consumo no Brasil. Os planos de aceleração do crescimento, nos Governos Lula e Dilma, seriam um alento não tivessem sido impregnados de corrupção e inépcia técnica. Hoje, passados 12 anos, a situação precária de nossa infraestrutura logística persiste!
Nossa última década, de 2010 a 2019, foi literalmente “perdida”. Patinamos num lamaçal de políticas governamentais atrapalhadas, mal conduzidas, e que afastaram boa parte do
empresariado de novos riscos.

Nos 5 anos de recessão, cerca de 350.000 empresas fecharam as portas. Hoje temos uma
“Argentina” de desempregados, subempregados e desalentados em nosso país. Quase dois
terços de nossa população está “negativada” nos Bureaus de monitoração de crédito. A
situação é realmente grave!

Vejamos alguns importantes aprendizados, para nunca mais esquecermos:
• A economia e o dinheiro não aceitam desaforos! A intervenção do Estado e seu
gigantismo tiram do mercado de consumo (das famílias) uma parcela muito grande
dos recursos pelo excesso de impostos que estamos submetidos no Brasil;

• Um Governo menor e com as contas públicas ajustadas (sem déficits primários) é uma
obrigação, uma questão de sobrevivência para todos nós;

• Com as contas públicas em ordem, o Governo deixa de ser um grande tomador de
recursos no mercado financeiro, obrigando os bancos e agentes financeiros a voltar
sua atenção para financiar a sociedade, produtores e consumidores, a um custo mais
acessível pois o risco torna-se mitigado, pulverizado e menor;

• Sem a atratividade de retorno nos mercados de capitais mais conservadores, por
exemplo o de renda fixa, os aplicadores individuais serão obrigados a investir no
mercado de ações e – principalmente – empreender se quiserem ter retornos maiores
sobre o seu capital acumulado;

• Não há almoço e nem absorvente higiênico grátis! Não conseguiremos evoluir nossa
sociedade com um Governo inchado, intervencionista, lento e com privilégios imorais
ao seu funcionalismo do alto clero;

• Nosso Congresso e nosso Judiciário precisam sair de sua “bolha” e entender o cenário
que se apresenta nas cidades, nos lares, na vida das pessoas comuns, que precisam
trabalhar para sobreviver e pagar suas contas, realizar seus sonhos;

• A instabilidade institucional entre Executivo, Legislativo e Judiciário, prejudica
principalmente à sociedade pagadora dos impostos e das contas. Isso precisa acabar!

Vimos nos últimos dias que nosso PIB cresceu 1,1% em 2019. Foi muito pouco! Ainda que
houve um crescimento de 2,7% do PIB no setor privado, o Governo ainda pesa muito em
nossos bolsos e é um freio ao crescimento de nosso país!

O valor é criado por quem empreende, gera riqueza e promove sua distribuição da forma
correta, a capitalista: investindo em produção e distribuição de bens e serviços, gerando
trabalho, renda, crédito e conforto. No meio de todo este turbilhão de mudanças na nossa forma de viver, produzir e consumir, o papel das Mulheres sofreu uma drástica mudança. Em um século passaram a votar. A trabalhar fora de casa e a gerar renda, primordial para uma maior segurança financeira das famílias,permitindo que sonhos de consumo e mesmo de vida, fossem viabilizados. Muitas são empreendedoras e arrimo financeiro de suas famílias!

Muitos não sabem que os eletrodomésticos são economizadores de tempo para a realização
das atividades num lar. Eles foram inicialmente pensados para as “donas de casa”. Hoje,
homens e mulheres dividem esta responsabilidade, ao menos eu fui educado pelos meus pais para sempre participar ativamente e – graças a isso – tenho na mulher como uma
companheira de vida, nunca como uma governanta das minhas inabilidades domésticas.
Me orgulho de ter sido vanguardista como gestor em ter contratado gerentes e diretoras
mulheres. O fiz não por serem mulheres, mas por serem profissionais mais capacitados para aquelas oportunidades.

Neste 2019 / 2020, tive o privilégio de ter – pela 1ª vez – uma Sócia Controladora como
“chefe”, mostrando uma agressividade e capacidade de gestão incomuns e dignas de
admiração. Neste 2020, ano de eleições municipais, temos o desafio de convencer mais e mais mulheres a participar do jogo político, se candidatando como futuras Prefeitas e Vereadoras de nossas Cidades.

Conto que mais e mais mulheres sejam eleitas e equilibrem as forças nas Câmaras de Vereadores, Prefeituras e – em 2022 – no Congresso e Governos de Estado.
Enquanto não chegam as eleições, todos nós, Mulheres e Homens, devemos seguir
pressionando nosso Executivo e Legislativo para que avancem as reformas necessárias ao país e a todos nós: a reforma administrativa e a reforma tributária!

Podemos – e devemos – aproveitar a chance de edificar nesta década que inicia, o
amadurecimento de nossa democracia e o aumento das liberdades individuais, de ir e vir, de empreender, criar valor e riqueza para toda a sociedade e não apenas para uma pequena  parcela da população, que domina a cena política e detém o poder em nosso país.

Sou filho de uma mulher, que trabalhou muitos anos em instituições financeiras, apoiou meu pai quando este se tornou empreendedor e só pode realizar seu sonho de ser psicóloga aos 50 anos, se formando após seus filhos, eu Engenheiro e minha irmã Advogada.

As minhas companheiras de jornada sempre lutaram ombro a ombro comigo, algo que vi
acontecer com as mulheres de minha família, desde meus bisavós, vindos da Itália no final do século 19.

Sou pai de uma jovem mulher, Administradora de Empresas, que atua no mercado financeiro há 3 anos e é Sócia Júnior de uma Corretora de Valores e que me enche de alegria e senso de dever cumprido.

A você leitor – Mulher ou Homem – fica minha singela homenagem e gratidão a todas
Mulheres, nossas Mães, Esposas, Namoradas, Filhas, Colegas de Trabalho, Chefas,
Subordinadas, Profissionais Guerreiras, de rosto lavado ou de salto alto e batom!

Feliz Dia Internacional das Mulher! Que o dia 8 de março, aconteça todos os dias e estes sejam  dias internacionais das Mulheres