Hilário Frasson e mais cinco réus são condenados pela morte da médica Milena Gottardi

Na noite desta segunda-feira (30), o Tribunal do Juri de Vitória condenou os seis réus acusados pelo assassinato da médica Milena Gottardi. Após um dos julgamentos mais longos da história da justiça capixaba, com a duração de oito dias, o ex-policial civil e ex-marido de Milena, Hilário Frasson, e o ex-sogro da médica, Esperidião Frasson, receberam a condenação máxima de 30 anos de prisão. 

O julgamento dos seis réus acusados de participação no crime teve início no dia 23 de agosto. Foram ouvidas mais de 20 testemunhas, incluindo a amiga de Milena que estava ao lado da médica na hora do assassinato, e Douglas Gottardi, irmão da vítima. 

O assassinato de Milena Gottardi aconteceu no dia 14 de setembro de 2017 e ganhou grande repercussão no Estado.  A vítima, que atuava como pediatra oncológica no Hospital das Clínicas (HUCAM) em Vitória, foi baleada na cabeça quando saía do trabalho e não resistiu aos ferimentos, deixando duas filhas, na época do crime com 9 anos e 1 ano e 10 meses. 

Hilário Frasson e Esperidião Frasson, filho e pai, respectivamente, mandantes e incentivadores do crime, foram condenados a 30 anos de prisão cada um por homicídio qualificado, feminicídio e fraude processual. O ex-marido de Milena perdeu permanentemente a guarda das filhas e o cargo de policial civil. Douglas Gottardi, irmão da médica, ficou com as guardas das sobrinhas.

O advogado Renan Sales explicou que, com a sentença, Hilário foi excluído totalmente da vida das filhas. “Na sentença, o juiz decretou a perda do poder familiar. Ele perdeu o direito de exercer as atribuições de um pai. É mais grave ainda do que perder somente a guarda.” 

Os intermediários do crime, Valcir da Silva, contratado pelo ex-sogro da médica para conseguir um atirador, e Ermenegildo Paulo Filho, que conhecia os mandantes do assassinato há mais de 30 anos, foram condenado a 26 anos e 10 meses de prisão cada um. Apontado como o atirador de Milena, Dionathas Alves, foi condenado a 18 anos e 8 meses. Único réu a confessar o crime e colaborar com as investigações, Dionathas teve a pena reduzida. Por fim, Bruno Rodrigues, acusado de roubar a moto que foi utilizada no dia do crime, foi condenado a 10 anos e 5 meses de prisão. 

Os seis condenados terão que pagar ainda uma indenização de R$ 700 mil para as filhas de Milena.

Para Renan Sales, advogado que atuou como assistente de acusação representando a família da vítima, essa condenação traz para o Espírito Santo e para o Brasil um caráter também pedagógico, a fim de impedir que práticas como essas continuem acontecendo contra as mulheres.

“Os réus tiveram as penas mais severas, os dois (Hilário e Esperidião) foram condenados às penas máximas. A gente entende que as penas foram justas em razão do absurdo que cometeram.” concluiu o jurista.