Grupo Especial dá show no Sambão do Povo; veja fotos dos desfiles

O segundo dia do Carnaval de Vitória foi de muita festa, animação do público e desfiles de alto nível no Sambão do Povo. As escolas do Grupo Especial  que desfilaram no sábado (11), fizeram um bonito espetáculo, com alegorias e fantasias muito bem trabalhadas, musas e musos deslumbrantes, muito samba no pé e enredos marcados por histórias variadas.

Unidos da Piedade, Unidos de Jucutuquara, Novo Império, Independentes de Boa Vista, Mocidade Unida da Glória (MUG), Andaraí e Chegou O Que Faltava mostraram que a briga pelo título do Carnaval 2023 vai ser boa e disputada nos detalhes!

Veja como foram os desfiles:

1ª – Unidos da Piedade

Piedade abre desfile e canta São Benedito e cultura popular

A primeira escola de samba do Espírito Santo, a Unidos da Piedade desceu com a força de sua comunidade para carnavalizar a história de São Benedito e a influência do santo nas lutas contra o preconceito, a escravidão e a fome.

Unidos da Piedade

O enredo “Bino Santo e as lutas que ecoam no morro”, assinado pelo carnavalesco Alex Santiago, partiu de contos e da tradição oral para desfilar na passarela do samba as tantas histórias e tantas manifestações culturais relacionadas a “Bino Santo”, “Bino Dito”, o São Benedito, unindo sua ancestralidade e a fé.

Unidos da Piedade – Divulgação PMV

Da variedade de histórias que permeiam a história do santo negro, a Piedade escolheu algumas para contar na avenida, como o mouro guiado por anjos, em que benedito teria sido ajudado por anjos enquanto cozinhava no mosteiro, e o milagre das flores, consagrado pela igreja.

Unidos da Piedade – Divulgação PMV

Espelho e identidade para a população negra, Bino Santo desde sempre encontrou morada entre a gente boa da Piedade e da Fonte Grande. A escola festejou sua própria gente, agraciada com um milagre de São Benedito: uma fonte de água doce que sobrevive até hoje.

Unidos da Piedade – Divulgação PMV

2ª – Unidos de Jucutuquara

Do Nordeste para o ES, a Jucutuquara desfila uma história de amor

Com direito à sanfona no carro de som, abusando do xote, forró e xaxado “gonzagando” seu samba enredo, a Unidos de Jucutuquara levou para o Sambão do Povo um enredo sobre a migração de nordestinos para o Espírito Santo. “Onde ocê foi morar?”, desenvolvido pelo carnavalesco Osvaldo Garcia, contou histórias de migrantes que escolheram as terras capixabas para viver.

Jucutuquara – Divulgação PMV

O carnaval da coruja começou lá no interior do Nordeste, foi descendo o mapa numa viagem de cores, sons e culturas, até chegar à capital capixaba, onde Aluísio, personagem do enredo, fez morada e construiu um legado de amor.

Jucutuquara – Divulgação PMV

A escola mostrou que, com os migrantes, veio também a cultura nordestina, que acabou se misturando e influenciando manifestações culturais capixabas.

Jucutuquara – Divulgação PMV

O desfile, num ritmo gostoso, agradou o público presente no Sambão do Povo, que sambou e forrozeou com a escola do início ao fim. A bateria fez festa e misturou a batida da zabumba com o samba enredo. Na dispersão, teve grito de “é campeã” para a Coruja!

Jucutuquara – Divulgação PMV

Com muitas musas da comunidade entre as alas, a escola reverenciou a literatura de cordel, destacando o rouxinol, pássaro que seria o responsável por anunciar boas novas e abençoar o destino dos retirantes. Os ambulantes e vendedores que aparecem no caminho, além de Lampião e Maria Bonita também integraram o desfile.

Jucutuquara – Divulgação PMV

A escola precisou correr um pouco no fim para encerrar o desfile no tempo, mas mostrou que está na briga para ser campeã do Carnaval de Vitória 2023.

Jucutuquara – Divulgação PMV

3ª – Novo Império

Atual campeã, Novo Império, levanta o Sambão na defesa do título

Na cadência inconfundível da Orquestra Capixaba de Percussão, a Novo Império, campeã da edição de 2022 do Carnaval de Vitória, pisou forte no Sambão do Povo, levada por sua comunidade e pela voz de Kléber Simpatia querendo manter o título na escola.

Novo Império – Divulgação PMV

Com “Imperium, abram alas para vossas majestades”, enredo desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Balbino, a azul, branco e rosa de Caratoíra empolgou o público. No último setor do Sambão, na saída da bateria, gritos de “é campeã” foram ouvidos das arquibancadas. Resta saber se os julgadores também avaliaram o desfile assim!

Novo Império – Divulgação PMV

A agremiação promoveu, na passarela do samba, um grande baile para comemorar a sua sétima estrela, e acabou “contratando” o rei Momo para ser o cerimonialista da festa. Ficou na incumbência dele, figura tradicional da folia, viajar no tempo e convidar majestades, reis, rainhas, príncipes e princesas, condes e condessas para participarem do cortejo carnavalesco.

Novo Império – Divulgação PMV

O maior destaque da escola na avenida foi a Orquestra Capixaba de Percussão que abusou das bossas, se ajoelhou no solo sagrado da passarela do samba e ouviu, como resposta, não apenas a comunidade, mas o Sambão do Povo inteiro cantando junto com a família imperiana.

Novo Império – Divulgação PMV

A festa da família imperiana começou levando para a avenida os impérios egípcio e romano. Lampião, rei do cangaço; Santa Sara, rainha dos ciganos; rainha Nzinga e os turbantes; e os índios, verdadeiros donos desta terra, também ganharam destaque no desfile.

Novo Império – Divulgação PMV

E no meio de tanta gente, de tantos personagens, “reis e rainhas” que foram vilões das mais diversas histórias também apareceram. Os 180 ritmistas que enlouqueceram os foliões enlouqueceram o Sambão do Povo com bossas de tirar o fôlego e uma apresentação impecável. Ninguém ficou sem sambar!

Novo Império – Divulgação PMV

4ª – Independentes de Boa Vista

Boa Vista esbanja bom-humor na avenida e quer sorrir na apuração

Com a presença irreverente de Marcelo Adnet na composição do samba enredo e assinando a direção artística da escola, a Independente de Boa Vista, escola de Cariacica, cantou sobre o humor e divertiu os foliões no Sambão do Povo, que abraçou o refrão e deu show junto à águia cariaciquense.

Independentes de Boa Vista – Divulgação PMV

O enredo “Humor: tanto riso, oh, quanta alegria… no tom da canção a Boa Vista contagia”, assinado por Márcio Puluker, carnavalesco formado no carnaval do Rio de Janeiro, em parceria com Robson Goulart, conquistou o público e colocou a escola entre as favoritas ao título de campeã do Carnaval de Vitória 2023.

Independentes de Boa Vista – Divulgação PMV

Na passarela do samba, uma grande homenagem a nomes do humor brasileiro, como Chico Anysio, Dercy Gonçalves e Paulo Gustavo. A Boa Vista fez questão de lembrar que sem sorriso, não existe folia!

Independentes de Boa Vista – Divulgação PMV

Figuras imortais do humor brasileiro, como Jorge Lafon, Nair Belo, Paulo Silvino, Ronald Golias, Claudia Jimenez, entre outros, também foram representados, bem como Jô Soares e Dercy Gonçalves. Nas telas do cinema, o humor também brilhou e fez história. Personagens como Grande Othelo e Oscarito, Mazzaropi, os Trapalhões e Dona Hermínia passaram alegres e brincando no Sambão.

Independentes de Boa Vista – Divulgação PMV

O último setor da escola buscou a irreverência para falar de quem, mesmo sem ser comediante, leva a vida com o sorriso no rosto e bom humor. Do taxista ao gari, das piadas entre amigos no futebol até aqueles que fazem do humor uma receita de sucesso na medicina. A Boa Vista pediu aplausos para aqueles como o artista capixaba que leva o deboche e a vontade de brincar de ser feliz de forma séria, em um circo que é para todos, com suas lonas e picadeiros e no sentimento de uma gente feliz.

Independentes de Boa Vista – Divulgação PMV

5ª – Mocidade Unida da Glória

MUG desfila nos trilhos da história de Colatina em busca do título

As referências à Princesinha do Norte ganharam o Sambão do Povo do início ao fim do desfile da Mocidade Unida da Glória (MUG), escola de Vila Velha e quinta agremiação a desfilar pelo Grupo Especial no Carnaval de Vitória. A vermelho e branco homenageou a cidade de Colatina, que completou 100 anos de emancipação política em 2021. O desfile teve a marca da escola: muito luxo e carros grandiosos.

Mocidade Unidade da Glória – Divulgação PMV

O enredo “A caminho das terras do Sol Poente”, assinado pelo carnavalesco Petterson Alves, que tem uma história de muitos capítulos e títulos com a MUG, usou da irreverência e da licença poética carnavalesca para cantar fatos, causos, histórias, tradições e curiosidades colatinenses.

Mocidade Unidade da Glória – Divulgação PMV

A escola, que foi vice-campeã do carnaval em 2022, convidou os foliões a embarcarem em sua Maria Fumaça com destino ao Noroeste do Espírito Santo. Uma viagem ao passado para contar a história da colonização do vale do rio Doce, habitado por tribos indígenas da etnia Botocudos. A busca pelo ouro levou os primeiros exploradores à região.

Mocidade Unidade da Glória – Divulgação PMV

A plantação de café transformou Colatina na maior produtora do grão do mundo e, é claro, a escola não deixou de representar os grandes cafeicultores. No processo de industrialização, vieram as fábricas e confecções, que também marcaram presença no desfile. Os setores de saúde e educação da cidade, com investidores com projeção para além de Colatina, também foram lembrados pela escola.

Mocidade Unidade da Glória – Divulgação PMV

Tradições artísticas e culturais da cidade deram o tom do último setor. A viola caipira, enaltecida pelo maior festival da região Sudeste, o Fenaviola, eternizou o som tão característico do interior do país. A festa do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da cidade, também foi representada, bem, como a Festa do Cafona. O carnaval colatinense, com blocos e agremiações que desfilam na Avenida Beira Rio, foi levado ao Sambão do Povo, com uma coleção de estandartes.

Mocidade Unidade da Glória – Divulgação PMV

6ª – Andaraí

Com literatura de cordel Andaraí traz histórias do sertão

Um desfile arretado e o sol nascendo no Sambão do Povo! Com direito a forró no samba e muita empolgação de seus componentes. A Cobra Venenosa de Santa Martha foi buscar a riqueza da cultura nordestina para seu desfile no Carnaval de Vitória 2023 e o cordel que a escola deseja protagonizar é um só: o de campeã.

Andaraí

Com o trabalho do experiente e campeão tanto na Sapucaí quanto no Sambão do Povo, o carnavalesco Cid Carvalho, a Andaraí levou para a avenida o enredo “Carlos Magno e os doze pares de França: imperador do sertão, soberano da esperança”. Para desenvolver a concepção do desfile, o carnavalesco se baseou na história, essa verdadeira, de que o livro “História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França”, levado pelos bandeirantes, foi a obra mais conhecida pelos brasileiros do interior do Nordeste, pelo menos até o princípio do século XX.

O fascínio despertado pelo livro motivava sessões de leitura em voz alta, permitindo o seu aprendizado inclusive por quem não sabia ler, que a aprendiam de cor.

Andaraí – Divulgação PMV

A estética medieval foi ricamente trabalhada na fantasia das baianas da escola. Esse ar histórico perdurou até o abre-alas da escola, que representava um castelo medieval todo estilizado, habitado por seres que dominavam o imaginário da humanidade ao longo desse período. Destaque para a bruxa, o dragão de duas cabeças e os dois cavalos enormes.

Andaraí – Divulgação PMV

Bandeirantes, ou sertanistas, foram os responsáveis por explorar o interior do Brasil. As façanhas do imperador francês foram ganhando esse terreno à medida que as expedições também avançavam. Nessa trajetória, não faltaram vaqueiros; a fome feiticeira; o carcará associado a seres maléficos; o camaleão como paralelo aos dragões medievais; a lua sertaneja que despertava o lobisomem; e as assombrações da floresta branca.

Andaraí – Divulgação PMV

Os profetas do sertão, artistas diversos, famosos e anônimos, orgulhosos de sua cultura e de suas raízes, ajudaram a colorir o desfile da escola. As águas do rio São Francisco, que chegou para irrigar as terras, representavam a esperança dos sertanejos.

Andaraí – Divulgação PMV

7ª – Chegou O Que Faltava

Chegou o Que Faltava encerra desfiles do Grupo Especial

Mais do que permanecer na elite do carnaval capixaba, a Chegou o Que Faltava encerrou os desfiles do Grupo Especial do Carnaval de Vitória 2023 sonhando com seu tesouro: o título de campeã. A agremiação da região da Grande Goiabeiras fez um desfile alegre, leve e com a comunidade cantando forte o samba enredo.

Chegou o que Faltava – Divulgação PMV

Para buscar o tão sonhado título de campeã, os carnavalescos Jorge Mayko e Vanderson Cesar levaram para a avenida o enredo “O tesouro que faltava”, desfilando os tesouros do Espírito Santo no Sambão do Povo, valorizando também a própria agremiação e a comunidade que fez e faz a história da escola.

Chegou o que Faltava – Divulgação PMV

O imaginário coletivo é cheio de histórias, lendas e relatos de fortunas e riquezas perdidas, que despertam a cobiça e tentam as pessoas. O fascínio pela pirataria seguiu forte no desfile, representando os saques de corsários ingleses a Vitória, a ilha de Trindade, que seria guardiã de tesouros perdidos, e os ataques de piratas holandeses.

Chegou o que Faltava – Divulgação PMV

Também teve homenagem ao biólogo Augusto Ruschi, com fantasias de orquídea e beija-flor. A cultura popular e as manifestações culturais do nosso Estado, como o congo e o ticumbi também foram lembrados pela Chegou o que Faltava. O terceiro carro, “Chegou o que Faltava”, entrou como uma carruagem carnavalesca em referência à primeira construção alegórica feita para um desfile da agremiação, com elementos comumente ligados ao universo do carnaval e abusando das cores azul, rosa e branco, que são as cores da escola.

Chegou o que Faltava – Divulgação PMV