Brian Braun: vinho, cultura e viver no Espírito Santo

Carioca de nascimento, Brian atuou em Tecnologia da Informação e chegou a ter cargo de direção na área em uma empresa pública no Rio de Janeiro. Mas aos 24 anos foi ao Chile passear com amigos e gostou do lugar. “Resolvi ir morar no país, me interessei pelo enoturismo e foram quase 10 anos por lá”, completa o sommelier profissional formado pela Escola de Sommeliers do Chile, país que tem mais de 17 regiões produtoras de vinho e ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de produção de vinhos.

Com um nome muito sonoro, mas verdadeiro, “minha mãe gostava muito do cantor Brian Adams, rs, e Braun é herança alemã da parte do meu pai “, o sommelier, aos 35 anos, tem muita coisa para contar do que viveu em terras chilenas.
“Minha principal lembrança do Chile é a das inúmeras vezes que estive nos vinhedos e me sentia absolutamente em paz e inserido em um local que adorava estar”, afirma Brian, que alimenta esta sensação quando vai lá a trabalho, o que é uma constante para ele.

No Espírito Santo há menos de um ano, onde escolheu estudar Gastronomia, o sommelier também é professor no curso de Pós-Graduação Wine Business da Universidade de Vila Velha (UVV), dá consultorias na área de negócios do vinho para restaurantes e adegas e promove eventos de enogastronomia: “O mercado é promissor e tem crescido o interesse em degustações e palestras para este segmento. Compartilhar conhecimento é algo que me encanta, pois estou sempre aprendendo”, ele fala, entusiasmado.

E claro que degustar bons vinhos, em boa companhia e boa comida é o hobby principal deste apaixonado pela profissão. “Estou o tempo todo pensando novos projetos, pesquisando sobre o assunto, de forma a dar cada vez mais sentido à escolha que fiz.”

Viajar também está na ordem do dia para o sommelier, e Itália e Espanha estão no topo da lista. “Também penso em passar um período no Uruguai, onde poderei aprimorar minha certificação.”

Todo este movimento é para garantir seu projeto maior, diz Brian : “ quero me assentar em um país produtor de vinhos, trabalhando diretamente com o vinhedos e com as pessoas que buscam esses lugares, onde eu possa mostrar o produto desde sua origem até a mesa, entregando essa experiência completa aos turistas”, destaca.

Enquanto isso não acontece, o especialista segue lendo sobre história e cultura dos vinhos e destilados em geral, mas confessa dedicar sua atenção à leitura dos clássicos como Nietzsche e Voltaire. “ Também a poesia hermética do brasileiro Augusto dos Anjos me marcou muito e releio sempre a coletânea Eu e Outras Poesias.”

Longe dos esportes por estes tempos, Brian diz gostar de acompanhar futebol, já praticou artes marciais, mas a natação ainda é a favorita “ Hoje só nado quando vou à praia, mas ainda assim gosto muito.”

Quando pergunto sobre seu maior desafio diário, o sommelier lembra do ritmo acelerado em que vivia em Santiago do Chile, e a necessidade de se adequar ao tempo em que as coisas acontecem por aqui. “Conhecer novas modos de viver me interessa muito, e sempre me impressiono e me emociono com as experiências de intercâmbio cultural, e isto inclui a paisagem, os costumes de um povo e, claro a gastronomia. É uma impressão forte aquela de saber e experimentar a culinária de um lugar.”

Por outro lado, a falta de empatia tão evidente nos tempos atuais é algo que intriga Brian. “Tudo muito urgente e descartável, em todos os níveis das relações sociais, e isso realmente não consigo compreender”, frisa o especialista.

O nosso perfil deste mês deixa um recado em forma da regra de vida que parece muito simples, mas sabemos que pouco praticada: “Aprendi com o tempo que um grande problema nas pessoas é nunca terminar algo que começaram. Entendi então que dar o passo inicial é fundamental, mas uma vez que eu inicio um projeto, faço de tudo para ir até o fim.”