Ataque com mísseis israelenses na Síria mata ao menos 15, diz ONG

Um ataque com mísseis israelenses contra um bairro residencial de Damasco, capital da Síria, na madrugada deste domingo (19), matou pelo menos 15 pessoas, segundo informou a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos. A agência local de notícias Sana, por sua vez, notíciou um balanço de cinco óbitos e 15 feridos.

A mídia estatal, citando uma fonte militar síria, disse que Israel começou os ataques aéreos contra várias áreas da capital pouco depois da meia-noite. A mesma fonte garantiu que as “defesas aéreas interceptaram os mísseis, e conseguiram derrubar a maioria deles”.

Os mísseis caíram sobre o bairro Kafar Souseh, em Damasco, e também atingiram a cidade de Dawar al Mazra, localizada a cerca de 12km ao sul da capital. Eles provocaram explosões, seguidas por incêndios que se estenderam pela área entre as cidades de Sayeda Zainab, a dez quilômetros ao sul de Damasco, e Diabiya, nos arredores da capital síria.

Os alvos da ação eram “bairros residenciais habitados por civis”. “Causou danos a várias casas de civis e danos materiais a vários bairros de Damasco e arredores”, relatou um comunicado do exército sírio.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad, disse que o ataque deve ser considerado um “crime contra a humanidade”, já que ocorreu menos de duas semanas após o terremoto de 6 de fevereiro, que deixou mais de 5.800 mortos em todo o país.

O Irã e a Rússia se declararam solidários ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, e prometeram ajudar com apoio militar e econômico. Teerã e Moscou condenaram veementemente os ataques, e disseram que eles ameaçam a estabilidade de toda a região.

O Observatório de Direitos Humanos, que tem sede no Reino Unido e conta com uma ampla rede de colaboradores na Síria, afirma que os mísseis israelenses foram direcionados para locais onde estavam milícias iranianas e integrantes do Hezbollah.

A área atingida já havia sido alvo de ataque a bomba em 2008, ocasião em que o principal comandante do grupo libanês Hezbollah pró-Irã, Imad Moughniyeh, foi morto. A região, fortemente policiada, abriga um complexo de segurança em torno do qual o Irã, aliado da Síria, instalou várias agências de segurança. Moradores e fontes militares confirmam essa informação.

Uma escola iraniana ficou destruída em Kafar Souseh, depois que um dos projéteis caiu “na rotunda de Al Mazraa, causando a morte de uma mulher”, disse a ONG.

Para fontes de serviços de inteligência ocidentais, o alvo era um centro de logística no prédio administrado pela IRGC (Guarda Revolucionária Islâmica do Irã).

Série de ataques
Esse é o segundo ataque israelense contra a região em 2023. O primeiro aconteceu no dia 2 de janeiro e matou sete pessoas no Aeroporto Internacional de Damasco e seus arredores, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Em 2022, a ONG registrou 32 ataques israelenses no território sírio, que resultaram na destruição de 91 alvos, incluindo prédios, depósitos de armas ou munições, quartéis generais, centros e outras instalações. Essas ações provocaram a mortes de 89 militares e deixaram outros 121 feridos.

Os ataques fazem parte de uma escalada marcada por conflitos de baixa intensidade, cujo objetivo é desacelerar o crescente entrincheiramento do Irã na Síria, explicaram especialistas militares israelenses.

Assad nunca reconheceu publicamente que as forças iranianas operam em seu nome na guerra civil da Síria, dizendo que Teerã tem apenas conselheiros militares no terreno.

Embora não reconheça responsabilidade por operações específicas, há quase uma década, Israel tem realizado ataques aéreos contra suspeitas de transferências de armas patrocinadas pelo Irã e movimentação de pessoal na vizinha Síria.

Nos últimos meses, Israel também intensificou ataques a aeroportos e bases aéreas sírias, para interromper o uso crescente do Irã de linhas aéreas de abastecimento para entregar armas a aliados na Síria e no Líbano, incluindo o Hezbollah, apoiado pelo Irã.

Edmond Ajji, do diretório de antiguidades da Síria, disse que a cidadela histórica da capital sofreu alguns danos no incidente. Falando anonimamente, duas fontes militares sírias afirmaram que foguetes antiaéreos perdidos, disparados em resposta aos mísseis, atingiram proximidades da cidadela.