Polícia diz que jovem planejou ataque há dois anos e utilizou arma do pai no crime

Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (25), representantes da secretaria de Segurança do Espírito Santo, o governador do estado, Renato Casagrande, e o secretário de Educação Vitor de Angelo, deram detalhes da apreensão do adolescente de 16 anos que matou três pessoas e deixou várias feridas em dois ataques a escolas de Aracruz na manhã de hoje.

Segundo a polícia, o jovem é ex-aluno da escola Primo Bitti, uma dos alvos do ataque, onde estudou até junho deste ano.  O rapaz utilizou duas armas para cometer o crime. Uma arma particular e outra arma com registro da Polícia do Espírito Santo, que pertence ao pai do adolescente.

Coletiva de imprensa sobre apreensão de autor dos ataques em Aracruz

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De acordo com os policiais, o jovem confessou o crime no momento em que foi localizado. “Ele parecia estar em estado de choque, mas estava tranquilo”, contou o superintendente de Polícia Norte da PCES, João Francisco Filho. “Ele planejou isso há dois anos e escolheu o dia de hoje para praticar esse ato. Ele pegou o carro do pai, tampou a placa e foi até as escolas”, completou o policial.

Foi encontrada na casa do rapaz uma faixa com um símbolo da suástica, objeto que foi utilizado pelo adolescente como uma braçadeira, no momento do crime.

“Os pais estavam destruídos e colaboraram muito com o nosso trabalho”, disse o delegado.

Ainda segundo a Polícia Civil, durante a apreensão, o adolescente não explicou o motivo dos ataques. Os investigadores trabalham com a hipótese de que o adolescente pode ter agido sob estímulo de grupos extremistas.

Durante a coletiva de imprensa, o governador do estado Renato Casagrande destacou a importância de acompanhar o comportamento e apoiar a saúde mental dos jovens e adolescentes.

“Doeu em você, doeu em mim, naturalmente, imagina nos pais dessas pessoas que perderam a vida, nos maridos, nos filhos, na família dessas vitimas. É, de fato, uma tristeza sem tamanho. É fundamental que numa sociedade tão complexa como a nossa, com tantos fatores externos que influenciam a nossa personalidade, é fundamental que todos nos fiquemos atentos ao comportamento das pessoas. Muitas vezes é preciso que haja um tratamento, uma atenção a saúde mental. É fundamental que nossas escolas continuem atentas e reforcem a atenção com relação ao comportamento dos alunos. Aquilo que esta anotado, escrito, rabiscado num banheiro de uma escola, no espelho, enfim, tudo isso são sinais que exigem de nós uma atenção especial e um acompanhamento mais de perto, pra ver se de alguma maneira a gente consiga evitar tragédias como essa que estamos vivenciando. A vontade que dá é de chorar, a gente ver uma escola atingida, violentada dessa maneira”, disse Casagrande.

Os ataques

Tiros disparados dentro de duas escolas do distrito de Coqueiral de Aracruz, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, provocaram pânico entre professores e alunos. Os alvos foram a escola estadual Primo Bitti e o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), antigo colégio Darwin, escola particular do mesmo distrito que é um dos maiores do município.

Diversas ambulâncias do Samu 192 e e viaturas da Polícia Militar foram para as unidades.

As vítimas foram identificadas como Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos; Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos; e a estudante Selena Sagrillo Zucoloto, de 12 anos.

O Capitão Sérgio Alexandre, do 5º Batalhão da Polícia Militar, explicou como teria acontecido o ataque. “Ele [o suspeito] teria entrado na escola com uma pistola e vários carregadores, efetuou disparos na Escola Primo Bitti e atingiu seis pessoas. Destas, duas morreram no local”, explicou. “Depois, esse adolescente pegou um veículo Duster dourado, com as placas tampadas, seguiu para o antigo Colégio Darwin de Coqueiral de Aracruz e fez a mesma coisa: entrou nas salas efetuando disparos e atingiu cerca de cinco pessoas, e uma morte foi confirmada no local. Os feridos foram socorridos para hospitais da região”, disse o militar.

O Capitão Sérgio Alexandre ainda destacou que após o segundo ataque, o adolescente voltou para o carro e fugiu em direção à orla.

Sérgio Cassiano, da SIM FM Aracruz, conversou com uma moradora da região que chegou logo depois do ataque à escola Primo Bitti. “Na hora do recreio, um homem de capuz entrou na escola e foi para a sala dos professores e atirou contra os professores. Quando o barulho dos tiros foi ouvido, teve pânico entre as pessoas que desceram correndo e muitos tentaram pular o muro da escola. Cheguei logo depois, é uma tragédia sem precedentes”, disse Magda Barcelos, moradora de Coqueiral de Aracruz há 33 anos, professora, e que ao longo da carreira, foi diretora da unidade atacada.

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