Advocacia pós Covid-19. Uma reflexão sobre a nova dinâmica profissional da advocacia.

Na obra “Sapiens”, o famoso historiador israelense, Yuval Noah Harari, demonstra cabalmente que a diferenciação do homo sapiens para os demais primitivos que habitavam a terra nos milênios passados foi a linguagem.

Isto é, a capacidade de se comunicar, de trocar informações, de aprender com experiências recíprocas, de reter e transmitir o conhecimento de um para o outro, de forma que duas cabeças construam uma solução melhor para um problema no ambiente.

Agora, vemos que em tempos de isolamento social, a advocacia e demais atores jurídicos se encontraram nas mídias digitais, desde os meirinhos locais aos presidentes de cortes superiores. Esses encontros foram fundamentais para a troca de conhecimentos, expertises, novidades e ocorreram em formatos variados, como debates, palestras, “lives” despretensiosas, “webinars”, aulas, seminários, etc.

Essa boa nova traz a reflexão sobre a nova dinâmica profissional da advocacia.

Estamos na década da dinâmica, na época da diversidade, em questões pessoais e humanas, mas também na premência de enxergar que advocacia não está imune às novas necessidades da sociedade, novas formas de se comunicar, de buscar clientes, de prestar o serviço, de aprender e de ensinar.

A advocacia é dita como uma das profissões mais antigas da nossa existência e esta antiguidade, talvez, leve-nos ainda a relutar em deixar o romantismo da nossa profissão, para ir ao dinamismo das novas exigências do mercado e da sociedade.

Nesse ponto a pandemia foi útil (embora não desejada).

Foi útil para entendermos que precisamos entrar na era digital o quanto antes, utilizando-a no máximo de possibilidades que a tecnologia propõe, com parcimônia e responsabilidade, dentro das normas atinentes à nossa profissão, mas nunca aceitando o apego sentimental ao passado ou, pior, ao ultrapassado.

Com a pandemia, a conversão para o acolhimento da tecnologia foi quase que imediata, quase que obrigatória, e posso afirmar: o advogado que não se “reformatar” após este período terá enorme dificuldade de se manter na profissão.

O romantismo não pode nos imbuir de preconceitos históricos, pois o mercado e a nossa profissão, nessa ordem, estão exigindo cada vez mais uma advocacia com habilidades holísticas, cuja atuação deve estar cada vez mais concentrada na geração de valor para o cliente e para a sociedade. É assim que o “novo” advogado prosperará.