Capixabas afirmam que terminam o mês sem pagar todas as contas, revela pesquisa

O tema finanças pessoais se tornou um dos mais buscados na internet e de maior interesse da população nos últimos meses. Além do impacto que a pandemia trouxe nas contas das famílias e individuais, planejar um rendimento maior na aposentadoria tomou espaço nas conversas. E como o capixaba tem lidado com o dinheiro? As respostas estão na pesquisa realizada pela Futura Inteligência que abordou o pagamento das contas, as aplicações financeiras e a aposentadoria. O levamento foi realizado a pedido da Rede Sim de Comunicação e abre uma série de pesquisas sobre o perfil do morador do Espírito Santo.

Uma grande parcela das pessoas tem a preocupação de conseguir honrar o pagamento dos boletos a cada mês, mas nem sempre essa tarefa é cumprida. Os dados da pesquisa mostram que 61,2% das mulheres disseram que já terminaram o mês com mais contas para pagar do que tinham para receber, enquanto para os homens esse número foi de 47,6%.

Depois muito pensar sobre suas finanças ao ser abordada pela reportagem, a universitária Yasmin Amaro, 23 anos, relatou que possui três cartões de crédito. “E cada um tem várias parcelas até maio (do ano que vem)”.

E ela confirma que as compras que faz não são para itens essenciais. “Por enquanto, consigo fazer o pagamento das faturas nas datas necessárias. Mas já avisei aos familiares que não esperem presentes neste fim de ano. Pois minha meta é terminar de pagar o que tenho parcelado e diminuir o uso dos cartões”, explicou.

Você investe?

Quando o assunto é investimento, os números mostram que entender o perfil de aplicação é uma demanda importante a ser observada pelos capixabas: 51,6% dos homens afirmam que não possuem o hábito de aplicar as economias, enquanto o percentual de mulheres é de 67,3%. Além disso, 36,7% delas não souberam responder qual é o tipo de investimento mais confiável, seguido por 25,9% que citaram a Poupança como investimento seguro. Para homens, apenas 21,4% não souberam responder e para 35,7% o tipo de investimento mais seguro são Imóveis.

Para efeito de comparação, no total, a previdência privada foi citada por apenas 1,5% dos entrevistados. Bolsa de valores e ações reuniram 1,8% das respostas – mas pela faixa etária foi a opção mais escolhida por adultos de 30 a 39 anos.

Em se tratando de aposentadoria, 57,8% das mulheres dizem que não terão na aposentadoria a renda que gostariam, contra 48,4% dos homens.

Escolaridade

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Um outro ponto a ser abordado é o que pode relacionar escolaridade com o controle do dinheiro. Apesar da maioria das pessoas com ensino superior afirmarem que não fecham o mês no vermelho, no planejamento da aposentadoria esses números se invertem: 58,8% das pessoas com ensino superior responderam que não planejaram ou planejam a vida financeira para depois que pararem de trabalhar, contra 56,4% das pessoas com ensino fundamental e 55,4% das pessoas com ensino médio.

Já 56,7% afirmam que não terão na aposentadoria a renda que gostariam, sendo que para as pessoas com ensino médio esse número cai para 50,4%, e para 54,5% das pessoas com ensino fundamental.

E quando parar de trabalhar?

Para as pessoas com renda superior a 5 salários mínimos, 68,8% disseram que planejam a vida financeira para quando pararem de trabalhar, 59,4% disseram que terão a renda que gostariam na aposentadoria e apenas 21,9% disseram que não aplicam suas economias. No extremo oposto, para as pessoas com renda de até 1 salário mínimo, 28,6% planejam a vida financeira para a aposentadoria e apenas 17,9% dizem que terão a renda que gostariam quando pararem de trabalhar, sendo que 75% das pessoas que recebem até 1 salário mínimo não tem o habito de aplicar as economias.

Jorge Teixeira dos Santos, 25 anos, ao ser perguntado sobre sua aposentadoria respondeu rapidamente. “Ela vai existir?”. A pergunta pode parecer retórica, mas acaba sendo exemplo pra uma faixa etária já tem uma percepção diferente do tradicional pagamento do INSS e acaba adiando o planejamento futuro. “Só acumulo dívidas, não penso sobre isso no momento”, completou. Mesmo assim, o jovem acha necessário ter o momento de planejar isso.

Ainda que a leitura do momento dê a impressão de desafio sobre seu rendimento, o universitário teve a oportunidade de, no último ano, organizar seus ganhos e gastos. “Puder ter o maior ganho organizando minhas despesas, como aluguel e contas essenciais”. Sem dizer, Jorge já encontrou o caminho necessário para ter menos preocupações com os boletos do mês seguinte.

A pesquisa da Futura Inteligência foi realizada com 273 pessoas entrevistas entre 27 e 30 de outubro. A margem de erro é de 6 pontos percentuais com 95% de índice de confiança. Os entrevistados são moradores do Espírito Santo com idade de 16 anos ou mais.